Parece que faz tanto tempo que a gente não se fala. Como andam as coisas por aí? Quero realmente saber :)
Sou só eu ou esse ano começou meio arrastado? Pode parecer estranho falar sobre isso em abril e talvez seja isso o mais estranho: estamos no mês 4 e sinto que ainda “não aconteceu nada”.
Óbvio que várias coisas aconteceram não só na minha vida, mas no mundo. Mas sabe quando tu espera que algo específico aconteça e essa coisa parece que insiste em olhar pra você e dizer: ‘ainda não tá na hora, quirida’?
Esses 4 primeiros meses do ano me passaram muito essa sensação, de que ainda não chegou a hora de eu ter/ fazer as coisas que eu achava que deveria estar tendo/ fazendo. Eu acompanho superficialmente o que acontece na astrologia e sei que o céu não está nada bom, o que talvez ajude a me acalmar um pouco - ou a ficar ainda mais ansiosa. Depende do dia.
Hoje, enquanto escrevo essa news, que eu enrolei para fazer pois pensei que com o tempo as melancias na minha cabeça iriam se acomodar no caminhão, percebo que o caminhão mal saiu do lugar. Sendo assim, o que temos para hoje é uma leve confusão. Yay!
Dizer tudo isso faz parecer que eu estou meio perdida, o que é e não é verdade. A questão é que estou me dando conta do tempo que leva entre receber uma informação, compreendê-la e poder fazer algo com ela. Na minha imaginação, esse tempo era menor. Na prática, é uma eternidade.
Eu achava que depois que eu aprendia algo era muito simples: a partir de agora, sempre que situações parecidas se apresentarem poderei reagir diferente. Só que não. Eu ainda demoro para me dar conta de que a situação se repetiu, o que me faz levar mais um tempo para compreender e aí já passou o timing. Não posso fazer mais nada 💩
Uma dessas situações é quando e como colocar limites nas relações de trabalho. Eu adoro conversar, ler e ouvir sobre limites. Achei por muito tempo que eu era boa nisso e hoje desconfio que nas coisas que eu me considero boa, na verdade, eu seja só mediana. Eu só sei um pouco mais sobre determinado assunto, tenho muito ainda para aprender.
Recentemente eu fiz um workshop para duas amigas sobre gestão do tempo e a pauta dos limites apareceu. Inclusive, se você estiver querendo conhecer outras formas e ferramentas de gerir o tempo, esse workshop é bem legal e prático. Prometo que ele não vai gerar a sensação de mais uma tarefa na sua vida :)
Por muito tempo eu achei que saber colocar limites era saber dizer não. ‘Não’ é uma palavra muito importante quando aprendemos que precisamos ser agradáveis, sorridentes, complacentes. Então, dizer não quando eu era criança ou adolescente funcionou por um bom tempo.
Na vida adulta, entretanto, não é bem assim. O não precisa vir acompanhado de por quê. Eu lembro uma vez que conversei com uma amiga minha do Canadá e ela me disse que por lá o ‘não’ era suficiente. Achei tão avançado, você não precisar justificar ou inventar uma mentira de por que não quer algo. O não querer é suficiente. Senti alívio só de pensar nessa possibilidade.
Se eu tenho que dizer o porquê e não quero mentir, primeiro preciso entender por que eu não quero algo e aí se vão 10 anos da minha vida achando que eu arrasava em colocar limites quando, na verdade, eu só não entendia meus sentimentos e sabia o que eu queria 🤡
Mas Gabriela, você parece uma pessoa tão segura, tão sabedora de si. Com certeza eu me conheço muito mais hoje, mas também entendo que tem muito mais para descobrir. Por exemplo, descobri que eu preciso ultrapassar meus limites para entender que aquilo que eu perdi era limite.
Saber do meu limite não me protege de passar por situações parecidas. Esse conhecimento pode me ajudar a identificar mais rápido e, aos poucos, ir conseguindo prevenir. Só que não era isso que eu tinha entendido sobre limites e vulnerabilidades. Eu não tinha me dado conta que a cara do limite muda, a sensação que a falta dele gera, não.
Se a cara do limite muda e a sensação não, eu preciso estar em contato com essa sensação. Para isso, eu não posso sair correndo toda vez que um sentimento ou emoção aparecerem, por ser a hora errada ou por eu não querer lidar naquele momento.
Mas como eu vou fazer para acessar esses sentimentos se eles surgem na hora que eles querem? Eu posso estar tendo uma conversa super difícil, vir uma vontade de chorar ou de entender o que eu estou sentindo e eu não posso só dizer pra pessoa esperar um pouco, posso?
Seria muito vulnerável da minha parte demonstrar mais meus sentimentos, o que me faz perceber que eu não entendi nada sobre vulnerabilidade.
Eu assisti o ted talk da Brené Brown. Sei que existe uma legião de fãs dela, mas eu não tinha entendido ainda como tudo que ela dizia ia para a prática. Como que revelar teus lados mais frágeis pode ser uma fortaleza? Isso não seria só um jeito da pessoa na sua frente saber que te atingiu? Que doeu como ela te falou algo?
Eis que o tempo faz a sua magia e hoje eu começo a entender um pouco mais como tudo isso faz sentido para mim. Eu que tinha orgulho de falar que não chorava na terapia, que adorava ajudar mas tinha dificuldade em pedir ajuda no que realmente precisava, compreendi na filosofia a conexão entre limites e vulnerabilidades.
Se a gente só conhece os nossos limites passando por eles, reconhecendo as emoções que eles geraram na repetição dos acontecimentos, então o limite está diretamente relacionado ao conhecimento que temos sobre nós mesmas e como sentimos as coisas.
Conhecer meus limites e nomear os meus sentimentos me ajuda a identificar com mais rapidez que eu passei do meu ponto, sabendo que esse tempo de reconhecimento muda dependendo do dia, da situação e do limite ultrapassado.
Esse conhecimento sobre mim é uma potência, porque aí sim eu sei por que estou dizendo não, por que discordo ou por que estou simplesmente caindo fora. Ou seja, conhecendo os meus limites eu posso fazer algo a partir deles. O caminho, então, se revela o que ele realmente é: a jornada de uma vida aprendendo a sentir e a criar os seus próprios significados.
Agora consigo ver a vulnerabilidade como uma força, porque é a conexão entre o conhecimento sobre os meus limites e sentimentos que vai possibilitar que eu escolha os melhores caminhos em cada momento.
Só que pra isso eu preciso sentir. Droga.
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| Compartilhados do mês
Eu entrei num looping de estudar coisas aleatórias que me interessam, então vem desfrutar essa salada de referências. Espero que alguma te interesse!
Organizei em dois grupos por formatos, para te ajudar a escolher por onde começar. Se precisar, volta depois para ler as indicações, porque elas estão bem especiais <3
[Audiovisuais]
~ Estou obcecada pelo novo álbum da Bey. Essa análise do Spartakus era tudo que a gente precisava para amar ainda mais o trabalho dessa mulher <3
~ O podcast É tudo culpa da cultura falou muito sobre relacionamentos na última temporada. Esse episódio aqui é um dos meus preferidos, pois nos lembra o quanto se relacionar é político - #09 Amor e negritude.
~ Trabalhar com impacto é se questionar todos os dias sobre quando a conta vai fechar. Mas será que não querer ganhar tanto dinheiro não seria uma das métricas de sucesso em um mundo capitalista? - Imposturas filosóficas: como vender o não saber?
~ Ando curtindo muito o podcast O corre delas, da Luanda Vieira. Esse episódio com a Renata Rivetti está cheio de dados de pesquisas sobre felicidade no trabalho. Ela falou uma frase que eu gostei muito: “felicidade tem a ver com disciplina e autoconhecimento”.
~ Entrei num looping sobre gerações que preciso compartilhar com você. Primeiro nesse Café da manhã da Folha, que explica porque nós não podemos homogeneizar toda uma geração, ao mesmo tempo em que cresce entre muitos jovens o movimento antifeminista + como os millennials nascidos entre 90 e 91 são os mais fodidos economicamente nos EUA. Cheguei a tentar descobrir qual era a concentração de idade no Brasil pelo censo do IBGE, mas não temos esse dado :/
~ A Esther Perel tem um podcast, você sabia? Eu conheci ele recentemente e esse episódio com o Trevor Noah (que aparentemente é BFF da Esther) é muito muito legal. Nunca tinha pensado sobre como o humor é uma ferramenta pra quebrar o desconforto, faz TANTO sentido!
~ Eu amei a quarta temporada de True Detective, com Jodie Foster. Fazia tanto tempo que eu não via ela nas telinhas. Essa temporada se passa no Alasca e você pode assistir só ela, se quiser, pois elas não são conectadas. É um misto de mitologias indígenas locais com misoginia e crime ambiental que nos faz duvidar da humanidade e acreditar ainda mais nos conhecimentos ancestrais e nas mulheres. E mais: a abertura é da Billie Eilish.
[Leituras]
~ Esse report da Wetransfer sobre criatividade online é uma das coisas mais legais que eu li esse ano. Ele entrevistou diferentes artistas digitais e cruza as respostas com algumas das crises que estamos vivendo.
Uma das frases que mais me marcou foi: "transforme uma ideia em produto e não você mesma" + “é fácil criar para a sua audiência e não para você mesma”.
~ A dificuldade de fazer e manter amizades é uma pauta frequente aqui, mas ainda assim é difícil colocar todos os sentimentos envolvidos em palavras. Essa news da Rosie Spinks conseguiu tangibilizar um pouco mais o Problema das amizades.
~ We’re now in the era of “The Great Exhaustion”. Matéria muito foda da Time sobre a exaustão generalizada que estamos vivendo e os fatores que contribuem para nos sentirmos tão esgotadas. Spoiler: stress além do normal e insegurança financeira são alguns deles.
~ O que a gente conhece sobre funil de vendas e jornada de compra? Esquece. A Gen Z tem um comportamento bem diferente do que estudamos até aqui e isso é INCRÍVEL - Vogue Business
~ Você sabia que serão necessários 230 anos para acabar com a pobreza mundial, mas teremos nosso primeiro trilionário, um homem, em apenas 10 anos? - ThinkEva
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