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Li outro dia que a simplicidade é algo muito difícil de atingir. A complexidade, ao contrário, nos seduz - mesmo quando não estamos intencionalmente procurando por ela.
Tem algo de atraente nos relacionamentos complicados, nos trabalhos difíceis de realizar, nos luxos elaborados, nas ideias que nos inquietam. Tenho a impressão que buscamos, muitas vezes sem perceber, pelo que é confuso, obscuro, inacessível.
O que será isso que nos instiga tanto?
Às vezes parece que o difícil vale mais a pena, vale mais o esforço?
Olhando racionalmente, esse pensamento não faz nenhum sentido… Porque o que nos atrai na complexidade normalmente não é algo justificável ou exclusivamente encontrado ali. Com frequência é uma camada mais sutil de nós que resolve embaralhar as coisas.
Percebo isso até na forma como contamos nossas próprias histórias: quem nunca enfeitou um momento na hora de repetí-lo pra outra pessoa? Seja ele bom ou ruim. No fundo, é difícil mesmo explicar a intensidade dos momentos mais simples. É mais fácil dizer que aquela viagem foi incrível, por exemplo, do que dividir a delicadeza de um momento cotidiano, na nossa casa, numa rotina que pode aparentar banal. Também é mais fácil compartilhar os grandes sofrimentos do que as pequenas tristezas, para as quais muitas vezes nos faltam palavras.
Além disso, parece que o complexo sempre é mais desafiador: acompanhar as últimas novidades, se entusiasmar com o inacessível, se colocar à prova. Nesse ponto, falo de um lugar que me identifico. Me coloco em situações onde me sinto constantemente desafiada, me interesso pelo que me é estranho, me relaciono com freqüência com pessoas muito diferentes de mim. Até mesmo no meu trabalho, com pintura, me envolvo mais em técnicas difíceis ou demoradas. Aquilo que eu não sei me fisga pela curiosidade - me deixa inquieta. Leio textos complicados e me emociono por ‘ainda não entender’, pensando que em algum momento vou.
Não digo que a complexidade é algo que deveríamos evitar, ou que seja de qualquer forma negativa. Só que, diferente do que a gente pensa, ela é sedutora e envolvente:
é mais difícil ser simples.
Se olharmos para o mundo ao nosso redor, o nosso dia a dia e as coisas que criamos se tornam cada vez mais complexas. O excesso também nos confunde e nos esgota. Então é super compreensível, até mesmo provável, que muitas vezes nos deparemos escolhendo algo que nos seduz mas não nos encanta
- ou correndo atrás de coisas difíceis para as quais não havia necessidade.
A simplicidade, no fundo, também tem a ver com sermos emocionalmente honestas. Com sermos mais diretas e mais simples nas nossas escolhas. Na sua melhor versão, a simplicidade carrega transparência… com a gente e com os outros.
Achei que faria sentido pensarmos sobre isso antes do ano terminar. Esse período é um pouco caótico e não é raro que desperte a nossa ansiedade: nos deparamos com as coisas que deixamos de fazer, as coisas que queremos, as expectativas dos outros e os planos mirabolantes que criamos para o ano seguinte.
No calendário, acho que o final do ano se compara ao auge da nossa complexidade, de tudo aquilo que fomos acumulando sem perceber. Com frequência chegamos exaustas, levemente frenéticas e precisando muito de férias. É o momento que mais nos pede para simplificarmos. Aquela hora onde tudo que precisamos é um pouco menos. Menos compromisso, menos conectividade, menos pressão.
Nesse sentido, todo recomeço é um exercício de simplicidade. Nos convida a dar apenas os primeiros passos. Talvez por isso marcar o início e o final dos ciclos seja tão importante.
Esse texto é como um lembrete (pra vocês e pra mim) de que simplificar as coisas pode ser a solução para muitas das nossas dúvidas. Nós não precisamos entrar no próximo ano com todas as respostas. Podemos ser previsíveis, descomplicadas e simples. É bom encarar a vida de forma direta, é bom fazer as coisas sem tanta pretensão. Às vezes a melhor blusa é aquela mesmo que já está no nosso armário há anos.
Algumas verdades já estão ali, dispostas à nossa frente, só precisamos ter calma. E algumas das nossas maiores alegrias vão vir sim das coisas mais ordinárias.
O complexo nos seduz mas nem sempre nos entrega o que é melhor pra nós.
Meu desejo pra esse ano novo é que a gente saiba diferenciar.
Comemorem bastante, se divirtam, respirem fundo. Simplifiquem onde for possível.
A gente se vê em 2024 <3
beijos, Gabi S.
As ilustras de hoje são da @mariamedem
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